Em 1988, Chiquinho mudou-se para
o Rio de Janeiro, em busca de novas
oportunidades. Ficou lá por três
anos, estudando, e integrou diversas
bandas. como as das cantoras
Elba Ramalho, Alcione e Leila Pinheiro.
Atualmente, Chiquinho
mora em São José dos Campos (SP).
Além de compor o Sexteto do Jô
desde 1999, ainda se apresenta com
o Trio KRJ, faz parte da Big Band Metal
Manera e realiza trabalhos de produção
e gravação de jingles, spots, trilhas
e CD em seu estúdio, The Lyre
Studio & Produções.

Revista Weril: O que julga necessário
para o músico se sobressair?

Chiquinho Oliveira: Muita gente diz
que é uma questão de sorte. Sim, isso
conta, mas acredito que, antes de
tudo, é preciso determinação. Muito
estudo, fé e dedicação também são
essenciais. Trompete é um instrumento
muito difícil, além de não-convidativo,
pois toca-se uma nota por vez.
Tem que gostar muito, treinar embocadura,
as combinações de chaves,
sonoridade, afinação, estilo próprio.
Também é ótimo ser curioso. A curiosidade
é um bom caminho para quem
quer brilhar no trompete. Só fazer o
trivial limita o músico. Falando assim
parece fácil, mas houve até um momento
em que pensei em desistir, pois
as dificuldades são muitas.

RW: Qual o segredo para formar um
estilo próprio?

CO: O estilo próprio nasce da soma
de informações ao longo da vida. Por
isso, é importante ouvir muita gente,
pois um dia alguém chama a atenção
do músico e o estimula a imitá-lo. Tem
que ouvir de tudo, todos os trompetistas
e também outros instrumentos
musicais, com especial atenção aos
compositores eruditos, que são a base
para qualquer um que se disponha a
seguir carreira como músico.

RW: Quais as dificuldades de se tocar
em um programa de entrevistas?

CO: O mais importante é ter muita
concentração, para não errar. Com o
tempo, a tendência é ficar mais natural,
relaxado. Aí tudo fica melhor: a
afinação, a performance. Além disso,
é preciso autocontrole e vigilância
constante, para não rir das piadas enquanto
estivermos tocando.

RW: Lembra-se de algum caso ocorrido
no programa que o faz rir até
hoje?

CO: No começo do Sexteto, tocava os
temas e saia improvisando. Um dia me
empolguei, fechei os olhos e não prestei
atenção na hora em que o Jô deu
o corte. Todos pararam de tocar e só
eu fiquei lá, durante muito tempo,
improvisando. Até que percebi que não
tinha outro som além do meu trompete.
Abri os olhos e vi o Jô, com aquela
cara de quem não está entendendo
nada, me olhando.

RW: Quais os músicos que mais influenciaram
sua carreira?

CO: Foram muitos, e com certeza não
dá para citar todos, mas no trompete
posso dizer que foram Clark Terry,
Chet Baker, Quincy Jones, Miles Davis,
Dizzy Gillespie e Wynton Marsalis.
Entre os saxofonistas, cito dois: John
Coltrane e Charles Parker.



Revista Weril 141